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quarta-feira, 14 de março de 2012

Inovação com cerâmica e croche é indicada ao Top 100


Do Cenário MT

As bonecas com saias rendadas, pratos para decoração com borda de crochê ou travessas enfeitadas com folhas confere identidade à Oficina de Cerâmica Caminhos de Barro, de Campos dos Goytacazes. Pela singularidade e modelo de negócio, entre outros indicadores positivos, o projeto implantado pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), é um dos finalistas do Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato. AS 100 melhores unidades produtivas do país serão escolhidas por um júri formado por especialistas. A entrega do prêmio acontece em agosto, no Rio de Janeiro.


O que começou como ocupação para mulheres do distrito de São Sebastião, polo de olaria, hoje envolve seis artesãs que atuam como professoras de cerca de 50 alunos em 25 pontos. A agenda de cursos prioriza asilos, instituições para deficientes visuais e excepcionais.

“Valorizamos o caráter de socialização do projeto. Os participantes se relacionam, aprendem um ofício e também têm a chance de vender suas peças”, explica a diretora da Caminhos de Barro, Bárbara Hilda de Carvalho.

A artesã Elzi de Souza Licasalio, uma das primeiras participantes do projeto que começou há dez anos, conhece bem o poder transformador da arte e do trabalho. Moradora de Poço Gordo, distrito próximo a São Sebastião, ela se dedicava exclusivamente a cuidar dos três filhos. A única renda da família vinha do trabalho do marido numa olaria.

“Entrei até em depressão pela falta de dinheiro e por não ter um trabalho que fosse só meu. A cerâmica resgatou a minha autoestima. Hoje, a família inteira faz as peças comigo e nossa renda aumentou. Meu filho mais velho, de 20 anos, já fala em seguir outra profissão. Ele vai encontrar o próprio caminho, mas acho importante poder mostrar para os três a origem do nosso trabalho, para que eles possam dar valor aos pais", afirma Elzi.

Cada uma das seis artesãs ganha cerca de R$ 600,00 pormês, sendo R$ 400,00 de uma bolsa concedida pela universidade. O restante é obtido com a venda das peças. Ligadas ao Centro de Ciências e Tecnologia da UENF, elas aplicam na prática pesquisas feitas pela universidade, como o uso de corantes naturais, com pigmentos extraídos do próprio barro. O próximo desafio será usar matéria-prima reciclada. As artesãs estudam ainda a possibilidade de criar uma cooperativa para ampliar o volume de negócios e ganhar escala de venda. Hoje, o único ponto de comercialização fica ao lado da oficina instalada no campus da instituição.

“Sempre falo para os meus alunos que todos nós somos artistas. No interior de cada um tem um talento. É preciso apenas descobrir. Essa conquista já é boa para mostrar que estamos no caminho certo. Eu renasci e estou ajudando outros a fazer o mesmo”, avalia Elzi. “Nunca ganhamos um prêmio e agora, ter o trabalho reconhecido pelo Sebrae e concorrer com grupos de todo o país, já representa muito”, arremata Bárbara.

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