Mais da metade dos inscritos para o Enem 2012 são negros
Dos mais de 5,7 milhões de participantes da edição deste ano
do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 2,4 milhões se declararam pardos; 694
mil, pretos e 35 mil, indígenas. Os dados fazem parte de balanço divulgado pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),
órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo exame.
A distribuição por raças é um dos recortes previstos na Lei
de Cotas, publicada há duas semanas. Os novos critérios terão de ser
incluídos nas regras de seleção para universidades públicas por meio do Enem.
A nova lei obriga instituições federais de ensino superior a
destinar progressivamente uma parte das vagas para estudantes que frequentaram
todo o ensino médio em escolas públicas. O objetivo do governo é atingir o
índice de 50% das vagas em quatro anos. Um dos fatores a serem considerados é a
raça declarada pelo candidato.
As provas do Enem serão realizadas em 1,6 mil municípios de
todo o país no próximo fim de semana (3 e 4 de novembro).
A estudante Fernanda Brito Félix, 19 anos, conseguiu, no
Enem de 2011, a
vaga que buscava na Universidade de Brasília (UnB). Mas o curso possível não
era o sonhado. Com o primeiro semestre de pedagogia garantido, a aluna decidiu
participar, novamente, do Enem este ano, para tentar a transferência para o
curso de direito.
“Só estudei em escola pública e as escolas públicas não têm
capacidade alguma de preparar um aluno para um vestibular de [universidade]
federal”, disse Fernanda. Para ela, o Enem “acaba sendo uma chance”, mas há
dificuldades como a falta de preparo dos alunos no ensino médio. “A prova é
cansativa e o aluno não tem essa preparação na escola ou conteúdo. O segredo é
estudar muito.”
A receita de quem já foi beneficiado pelo exame parece
coincidir com as impressões de quem vai enfrentar a prova pela primeira vez.
Aluna do último ano do ensino médio no Colégio Setor Oeste, escola pública de
Brasília, Hyasmin Stephanye Leite se prepara para a prova desde janeiro. “Busco
métodos na internet, em apostilas. Tenho estudado três horas por dia.
Poderia ser mais, mas tenho inglês à tarde”, contou.
Para Hyasmin, o colégio oferece a estrutura de que ela
precisa. “Depende mais do aluno do que da escola. Não podemos nos comparar a
alunos de escolas particulares, temos que nos comparar a nossa dedicação. Se
você estuda, não é a escola que faz diferença, é o aluno que faz.”
Os números do Inep também revelam que a maioria dos
participantes do Enem 2012, que tem recorde de inscrições e participações
confirmadas, é composta por mulheres. As brasileiras respondem por 59% das
inscrições, com 3,4 milhões, enquanto os homens somam 2,3 milhões (41%).
O estado de São Paulo tem o maior número de inscritos, com
932,4 mil, seguido de Minas Gerais (653.074), da Bahia (421.731) e do Rio de
Janeiro (408.902).
Do total de inscritos, 4 milhões foram isentos da taxa de R$
35 por serem alunos de escolas públicas ou pertencerem a famílias de baixa
renda.
Carolina Gonçalves
Edição: Juliana Andrade e Lílian Beraldo
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