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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Eleição terá nível recorde de governismo

Regra para candidatos que desejam vencer neste ano é de quanto mais governo, melhor. Deve sair em vantagem quem tiver engajamento nos 3 níveis de governo - municipal, estadual e federal.

Quanto mais governo melhor, essa é a regra para os candidatos que desejam ganhar a eleição deste ano.




Quem tiver o engajamento dos três níveis de governo, o municipal, o estadual e o federal — o 3G –, dificilmente perderá a disputa. O exemplo mais contundente é o do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB). Candidato dele mesmo, do governador Sérgio Cabral e da presidenta Dilma Rousseff, Paes tem a melhor rede 3G do mercado eleitoral. Além dos apoios, ele tem discurso porque representa o projeto carioca de virada econômica, com o pré-Sal, a Copa e a Olimpíada. Fora isso, pode usar a prefeitura como trampolim para a sucessão de Cabral, num momento em que empresas e eleitores do Rio querem a garantia da continuidade.



Situação semelhante vive o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB). Ele tem um 2G contratado para a campanha, já que disputa a reeleição e terá o PT na sua coligação. Como nunca lhe faltou o apoio da principal liderança de Minas, o senador Aécio Neves, a entrada em operação da sua rede 3G depende apenas de um detalhe legal, a formalização da inacreditável chapa que unirá PT com PSDB.


Como exceção que eventualmente pode confirmar a regra está Porto Alegre. José Fortunati (PDT), o atual prefeito, é uma espécie de 1,5G – tem a máquina pública para sua reeleição e seu partido integra a base do governo federal. Quem teria a rede 2G (estadual mais federal) seria o deputado estadual Adão Villaverde, do PT. Mas mantendo o espírito contestador que já havia se manifestado na eleição do governador Tarso Genro, os gaúchos, segundo as últimas pesquisas de opinião, deram-lhe apenas 2% das intenções de voto. Em Porto Alegre, eles estão abrindo a temporada pré-eleitoral com a candidatura menos governista na primeira posição — a da deputada Manuela D’Ávila, do PC do B, e uma espécie de 0,5G pelo apoio a Dilma no Congresso.


Em São Paulo, o ex-ministro Fernando Haddad, pelo PT, e o deputado Gabriel Chalita, pelo PMDB, pretendem se apresentar como candidatos do governo federal e receber a empatia do ex-presidente Lula (espécie de acelerador de rede para quem só tem 1G). O ex-governador José Serra fica com os outros 2G, o apoio das máquinas municipal e estadual.

Mas nada impede que, numa eventual ascensão do candidato do PMDB nas pesquisas — um cenário hoje tão improvável quanto surpreendente –, Serra venha a ser rebaixado, pelo poder regulatório de Geraldo Alckmin, para 1,7G enquanto Chalita seria promovido a 1,3G. De todos os cenários, talvez seja o mais perturbador para Serra, já que o oposto disso, a candidatura do PT no segundo turno, fortaleceria radicalmente sua rede 2G.


Nos estertores da ditadura, havia um desejo de mudanças de tal magnitude que ao maior partido de oposição da época bastava um único slogan: “PMDB Neles”. No início da redemocratização, o fracasso dos planos de estabilização, a inflação galopante e o desemprego em alta permitiram ao PT faturar suas primeiras cidades em campanhas em que ele se apresentava “contra tudo isso que está aí”. Quanto menos envolvimento com o governo, melhor, era o lema da época, como mostrou a vitória da inexperiente e desconhecida Luiza Erundina contra o notório e experiente Paulo Maluf.


O fracasso do governo Fernando Collor alertou o eleitor para a importância da experiência administrativa e o pleito estadual de 1992 marcou a chegada do “eleitor de resultados” – ele estava pouco se lixando para os partidos, mas queria políticos que soubessem governar. De lá para cá, os sucessos do Plano Real no governo FHC e da expansão econômica do governo Lula levaram o eleitor a índices cada vez mais altos de adesismo.


O governismo é o que o move agora, mas dois fatores podem vir a inibir o bom funcionamento do 3G: o julgamento do Mensalão pelo Supremo Tribunal e as — sabe-se lá quais serão –, descobertas da CPI do Cachoeira. Hoje limitados ao signo do desconhecido, os dois eventos juntos têm potencial de gerar um sentimento hegemônico contra a classe política. Se isso acontecer, melhor do que mostrar apoios dos governos, será se apresentar como um candidato técnico.

Do Análise

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