...PALAVRAS INSONORAS!!!
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Petrobras e governo argentino discutem investimentos hoje
Apenas três dias após o governo argentino ter expropriado a parte correspondente à espanhola Repsol na petrolífera YPF, alegando a queda na produção, o Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, recebe nesta sexta-feira o ministro do Planejamento, Investimentos Públicos e Serviços da Argentina, Julio de Vido, para discutir o aumento dos investimentos da Petrobrás no país vizinho. A presidente da companhia brasileira, Maria das Graças Foster, também deve participar da reunião.
De Vido desembarcou ontem em Brasília com recados claros do governo argentino para Lobão e para Foster. Primeiro, dirá que a investida oficial contra a Repsol não afetará a companhia brasileira. Segundo, que a estatal é fonte de inspiração para a criação da nova YPF argentina e por isso a presidente Cristina Kirchner gostaria de ter a Petrobrás entre as empresas associadas ao novo empreendimento.
O ministro vai reforçar o pedido de Cristina a Lobão, em fevereiro, para que a Petrobrás aumente seus investimentos em seu país. Um dos alvos do governo argentino seria a Refinaria Del Norte (Refinor), na qual a Petrobrás já detém participação minoritária (28,5%). Repsol-YPF tem 50% e Pluspetrol, 21,5%. Uma maior presença da Petrobrás seria uma forma de ajudar a Argentina. "A ideia é manter os atuais sócios, e que aumentem a presença nas companhias", disse uma fonte da Agência Estado.
A Petrobrás também divide participação com Repsol YPF em outra empresa na Argentina, a petroquímica Mega, que produz derivados de gás natural usados como matéria-prima na indústria petroquímica. A Petrobrás detém 34%, a YPF, 38% e a Dow Chemical, 28%.
A nacionalização de 51% da YPF e da YPF Gas na Argentina afeta o controle acionário dessas duas empresas, já que a nacionalização terá um efeito cascata de expropriação de todas as participações da Repsol em empresas instaladas no país. A Petrobrás no Brasil preferiu não comentar se a troca de controle acionário provocará efeitos na companhia brasileira.
Outro possível pedido de De Vido pode ser a participação da Petrobrás em exploração offshore (em mar) na Argentina. Há pelo menos três anos já era discutida a possibilidade de uma parceria entre a Repsol-YPF com a Petrobrás Argentina, subsidiária da holding brasileira, segundo uma fonte da companhia. Os argentinos estariam interessados em formações geológicas semelhantes às registradas na Bacia de Campos e gostariam da expertise da Petrobrás, assim como sua capacidade de investimento, para explorar a área.
Lobão voltou a afirmar ontem que o governo brasileiro não está preocupado com a intervenção do governo de Cristina Kirchner na YPF, pois desconhece qualquer movimento semelhante em relação aos ativos da Petrobrás na Argentina. "Não podemos colocar o carro na frente dos bois. A relação entre a Petrobrás e Argentina continua dentro da normalidade", disse o ministro.
O ministro comentou ainda que a cassação de licenças da Petrobrás para operar um campo de exploração em na província argentina de Neuquén, no começo do mês, foi um episódio isolado. "As províncias têm certa autonomia e a presidente Cristina prometeu ajudar a normalizar essa relação", acrescentou. Na reunião também deve ser finalizado o acordo para a construção de duas hidrelétricas na Argentina em parceria entre os dois países.
Da Tribuna do Norte
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