A denúncia de que corpos de militantes de esquerda foram incinerados em uma usina de cana de açúcar no município de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, será investigada pelo Ministério Público Federal (MPF).
O procurador da República Eduardo Santos de Oliveira se baseou no relato do ex-delegado Cláudio Antonio Guerra, que foi um dos chefes do extinto Departamento de Ordem Pública e Social (Dops) durante a ditadura militar (1964-1985). Em livro intitulado Memórias de uma Guerra Suja, o ex-delegado contou que corpos dos opositores do regime militar foram incinerados na Usina Cambaíba, em Campos.
Na portaria que instaura a investigação, Oliveira pede que sejam expedidos ofícios à Comissão Nacional da Verdade e à Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos, requisitando informações e documentos relacionados ao caso. Para o MPF, os policiais agiram a serviço do Estado, o que submete os crimes à jurisdição federal.
“Em um regime de exceção, pouco se pode conhecer dos procedimentos adotados para manutenção do Poder. Somente com a abertura ao diálogo e à manifestação pública, podemos reaver o contato com o que nos foi negado, e buscar a verdade sobre fatos quase perdidos em um tempo de restrição às liberdades”, escreveu o procurador, em nota divulgada pelo MPF.
Do Jornal do Brasil
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