Senadores defendem cassação de Demóstenes e fim do voto secreto
Após o discurso dos relatores no
processo de cassação contra o senador Demóstenes Torres (sem partido - GO),
começou a discussão do pedido. Os cinco senadores que pediram a palavra apoiaram
a cassação do mandato de Demóstenes e todos defenderam o fim da votação secreta.
Na semana passada, o Senado aprovou a proposta de emenda à Constituição (PEC) que
acaba com a votação secreta. A proposta precisa agora ser apreciada pela
Câmara.
O primeiro senador a falar na fase de discussão do
pedido foi Mário Couto (PSDB-PA). Ele disse que, diante das gravações feitas
pela Polícia Federal, fica impossível defender o senador. "Criei uma amizade com
esse parlamentar e é muito duro para mim vir a essa tribuna expressar o meu
sentimento. Querido Demóstenes, ao afirmar no Conselho de Ética que a voz
gravada pela Polícia Federal é sua, e a fita mostra ajuda que vossa excelência
deu a Carlinhos Cachoeira, o esforço que vosso advogado fez foi em vão."
A senadora Ana Amélia (PP-RS) considerou a votação
do pedido "constrangedora" e lamentou a forma secreta desse processo. Ana Amélia
opinou pela aprovação do relatório que pede a cassação. "Referendo pessoalmente
o relatório do senador Humberto Costa e o substitutivo do senador Pedro Taques",
disse a senadora. "Este não é um momento confortável, prazeroso, alegre. Não
estamos aqui para comemorar nada. O sentimento é de frustração. Estamos aqui
constrangidos, muito constrangidos", disse a senadora.
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) também se
colocou a favor da cassação de Demóstenes. Ele lembrou que, quando eclodiram as
denúncias, ele chegou a fazer um discurso em apoio a Demóstenes, no entanto, ao
longo do processo de investigação, concluiu que o parlamentar quebrou o decoro
parlamentar. "O que está em jogo aqui não é apenas um mandato, mas a imagem do
Senado, uma instituição que tem suas contradições, mas está acima de todos nós",
disse o senador que também defendeu o fim da votação secreta para cassação de
mandatos. "Que essa seja a última vez que esse tipo de decisão seja tomada por
meio de votação secreta", defendeu o senador.
O senador João Capiberibe (PSB-AP) também defendeu
o fim do voto secreto e lembrou a atuação crítica de Demóstenes no Senado contra
a corrupção. Essa atuação foi classificada pelo senador como um "falso
moralismo". "Pelo fim do voto secreto e pela cassação de quem usou o mandato
para o falso moralismo e engabelou a todos nós", defendeu o senador que já teve
seu mandato cassado pela Justiça Eleitoral, que o acusou de compra de voto nas
eleições de 2002.
Já o senador Carlos Valadares (PSB-SE) também
defendeu o fim do voto secreto e defendeu a necessidade de "separar o joio do
trigo", ao se referir à classe política. "O homem é diferente dos outros
animais, porque é o único que dispõe da capacidade que lhe é inerente, que
diferencia o justo dos injustos, o ético do antiético. O voto secreto não mais
se configura uma necessidade. Hoje devemos única e exclusivamente o nosso
direito de ser senador a um único juízo, o povo, o eleitor", disse o
senador.
Valadares também defendeu que todo o processo de
investigação contra Demóstenes ocorreu de forma constitucional. "O devido
processo legal foi cumprido, a ampla defesa e o contraditório, que são
princípios da Constituição, foram observados. Não houve preconceito,
discriminação, perseguição, diferenciação de métodos. Todos os trâmites legais
foram rigorosamente obedecidos e observados", destacou.
A sessão de julgamento de Demóstenes segue no
Plenário do Senado e conta com a presença de 78, dos 81 senadores. Não estão
presentes à sessão os senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE), Sérgio Petencão
(PSD-AC) e Mauro Fecury (PMDB-AC).
Luciana Lima
Edição: Talita Cavalcante
Edição: Talita Cavalcante
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