Porta-voz da PM diz que eles foram presos por crime de desobediência. Homens do Bope seguem Campos, onde a adesão à greve é maior.
Do G1 RJ, com informações da TV Globo
(vejam vídeos direto no G1)
Polícia Militar confirmou que 14 policiais foram presos nesta sexta-feira (10) depois da greve deflagrada na noite de quinta-feira (9) no estado do Rio. Eles teriam se recusado a trabalhar e foram presos por desobediência. A informação é do porta-voz da PM, coronel Frederico Caldas. Segundo ele, a situação na capital está controlada, mas houve problemas no interior. O Batalhão de Operações Especiais (Bope), segue para Campos, no Norte Fluminense, onde a adesão ao movimento é maior.
"A intervenção dos comandantes foi fundamental na medida em que havia uma determinação clara que os policiais fosse para a rua. É inaceitável que policiais cruzem os braços, um serviço essencial para a população. Há um pacto entre a polícia e o povo e ele não pode ser quebrado. Nesse momento os comandantes orientaram os policiais e aqueles que se recusaram a cumprir as normas foram presos por descumprimento, por crime de desobediência ", disse Caldas.
O ex-corregedor da PM, coronel reformado Paulo Ricardo Paul, postou em seu blog, nesta sexta-feira, às 7h07, "Comunicamos que o Coronel Paúl, organizador do nosso espaço democrático, foi preso."
Bope segue para Campos
Caldas explica que a greve provocou apenas problemas isolados na cidade. Já no interior - Campos, Resende e Volta Redonda, a situaçã é um pouco mais tensa, com homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) seguindo para Campos.
"O Bope está indo para Campos. Houve um recusa inicial dos policiais no sentido de saírem nas viaturas, alegando que não havia uma documentação em dia. O Bope está indo para lá e o Detran está providenciando a documentação. Esses policiais foram para a rua a pé, aqueles que não se recusaram. Os que se recusarem serem presos", enfatizou o porta-voz.
Onze mandados de prisão também foram expedidos pela Justiça Militar contra os principais líderes do movimento. "São onze policiais, dos quais cinco oficiais e seis praças. Os principais líderes desse movimento, aqueles que mais incitaram (a greve)", fala Caldas.
Agências e carro atacados a tiros
Entre os casos isolados na capital, duas ocorrências chamaram a atenção. Duas agências bancárias foram atacadas a tiros durante a madrugada, em São Gonçalo, na Região Metropolitana. Pela manhã, na Avenida Brasil, um carro da PM foi atacado, também a tiros, num ponto fixo de policiamento que fica na pista sentido Campo Grande da via. Segundo a polícia, ninguém ficou ferido. A polícia não acredita que os ataques tenham relação com a greve, mas investiga os casos.
Ainda durante a manhã, um carro bateu num poste, na Zona Oeste. Uma pessoa morreu e outra ficou ferida. O socorro foi feito pelos bombeiros e uma patrulha da PM atendeu a ocorrência.
Caldas disse ainda que houve registro de um problema isolado no 4º BPM (São Cristóvão), mas não deu detalhes sobre o caso.
Policial atravessa a Avenida Maracanã,
O G1 percorreu alguns bairros do Rio nesta manhã e encontrou apenas dois policiais militares nas ruas, uma carro da corporação na Rua General Espírito Santo Cardoso, em frente a 19ª DP, e outro na Rua São Miguel, todos na Tijuca, na Zona Norte. A equipe de reportagem percorreu os seguintes locais: Gávea, Humaitá, Copacabana, Laranjeiras, Catete, Catumbi, Rio Comprido, Praça da Bandeira, Tijuca, Alto da Boa Vista e Barra da Tijuca.
Os grevistas reivindicam a liberdade do cabo Benevenuto Daciolo e querem piso salarial de R$ 3.500, com R$ 350 de vale tranporte e R$ 350 de tíquete-refeição.
Alerj aprovou aumento
Na quinta-feira (9), a Alerj aprovou substitutivo do Executivo que aumenta os salários das categorias de segurança (polícias Militar e Civil, do Corpo de Bombeiros e de agentes penitenciários) em 39% até fevereiro de 2013. Ainda falta votar os destaques ao projeto aprovado, que podem modificar o texto final.
Em nota divulgada nesta madrugada, o comando da Polícia Militar negou que haja paralisação em qualquer tipo de serviço prestado à população no Rio e garantiu que todas as suas unidades estão em pleno funcionamento, contando com o apoio de policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque no patrulhamento da cidade.
Também em entrevista mais cedo ao Bom Dia Rio, o porta-voz da PM explicou que a madrugada foi tranquila na cidade, com os serviços mantidos e todas as unidades da PM monitoradas. Segundo ele, a pedido comandante-geral da PM do Rio de Janeiro, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, foi montado um gabinete de gestão para monitorar todas as viaturas da PM e o serviço que está sendo prestado à população.
Ainda segundo Caldas, o Bope e o Batalhão de Choque reforçam a segurança na cidade e, por enquanto, não há previsão de emprego do uso das Forças Armadas. O coronel disse ainda que a corporação se preparou para que os serviços não fossem interrompidos, com a presença de todas os comandantes nos batalhões.
Nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), segundo Caldas, também não houve nenhuma alteração durante a madrugada.
Deflagrada greve
Na noite de quinta-feira, bombeiros e policiais civis e militares decretaram a greve no estado do Rio de Janeiro durante uma assembleia na Cinelândia, no Centro. Cerca de duas mil pessoas participaram da votação. Juntas, as três corporações somam 70 mil homens. Segundo os grevistas, 30% do efetivo do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil ficarão à disposição para casos de emergência.
Os policiais militares informaram que ficarão em seus respectivos batalhões e não atenderão a nenhuma ocorrência. "A partir de agora, a segurança é de responsabilidade da Guarda Nacional ou do Exército", disse o cabo da PM Wellington Machado, do 22º BPM (Maré) ao microfone, após perguntar quem estava a favor da paralisação e todos os presentes levantarem as mãos e gritarem "sim".
Já os bombeiros também ficarão aquartelados, mas afirmam que 30% do efetivo vão atender os casos de emergência, assim como os policiais civis. Eles frisaram que não vão deixar "a população à deriva".
Segundo os manifestantes, a greve é por tempo indeterminado. Eles disseram que só voltarão à ativa quando o cabo Benevenuto Daciolo, que está preso em Bangu, for liberado e as reivindicações de reajuste salarial forem atendidas.
Após a confirmação da greve, o cabo Machado deu instruções aos policiais presentes na Cinelândia. "Todos devem seguir direto e estar aquartelados em seus respectivos batalhões", disse. "Atenção, é importante, quem está de folga aquartela, de férias aquartela, quem está de licença aquartela. Todos juntos, não tem distinção, se puderem levar as esposas, levem junto. É importante", completou.
A greve foi decretada por volta das 23h30, meia hora antes do previsto. De acordo com os líderes do movimento, no entanto, a decisão já estava acertada. Eles explicam que a antecipação do anúncio da paralisação ocorreu porque os manifestantes estavam cansados. A assembleia teve início por volta das 18h.
Exército enviará 14 mil homens
Mais cedo, o secretário estadual de Defesa Civil e comandante do Corpo de Bombeiros do Rio, coronel Sérgio Simões, afirmou que o Exército disponibilizaria cerca de 14 mil homens e a Força Nacional atuaria com cerca de 300 homens para a segurança no estado, caso a greve fosse decretada.
Segundo ele, o plano prevê que os 14 mil homens do Exército façam o policiamento no estado, enquanto os 300 homens da Força Nacional auxiliem no trabalho dos bombeiros, em caso de paralisação dos servidores de segurança do estado.
A juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros da Auditoria da Justiça Militar do Rio decretou, na noite desta quinta-feira (9), a prisão preventiva do cabo Benevenuto Daciolo, do Corpo de Bombeiros. Ele é acusado de praticar os crimes de incitamento e aliciamento a motim. As informações foram confirmadas pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).
O cabo Benevenuto Daciolo está preso administrativamente, em Bangu, devido aos crimes de incitamento à greve e aliciamento a motim, segundo o secretário de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões. Escutas mostram conversa de Daciolo com a deputada Janira Rocha (PSOL) sobre estratégias de greve.
Em relação à segurança da população, Nascimento garante que os serviços de segurança da sociedade que tenham "caso de morte" serão prestados. "Em casos como grandes incêndios, colisões, atropelamentos, acidentes graves, os serviços serão prestados", garantiu.
Cabral critica 'balbúrdia e agitação'
O governador do Rio, Sérgio Cabral, defendeu a atual política de segurança estadual. “O governo, nesses anos todos, fez um esforço priorizando a segurança pública. Hoje, a segurança pública tem um orçamento que chega a níveis de itens essenciais, como a saúde, apesar de não ser obrigatório. O orçamento da Polícia Militar subiu de R$ 900 milhões para R$ 2 bilhões”, afirmou durante o lançamento do Programa Renda Melhor e Renda Melhor Jovem, em Niterói, no fim desta manhã.
Cabral afirmou que existe uma “articulação nacional para tentar criar um clima de insegurança” e criticou aqueles a quem chamou de “ditos líderes” do movimento por melhores salários para bombeiros e policiais.
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