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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

"Bacalhau" na Rota São-Joanense

Brasil entra na rota de empresas norueguesas



Diante das projeções de aumento da produção brasileira de petróleo nos próximos anos, é crescente o interesse de companhias noruegueses que buscam se instalar no País, para aproveitar as chances que já começam a surgir neste potencial mercado. São empresas das mais diversas áreas, especialmente ligadas aos segmentos de perfuração e subsea, atividades que necessitam de investimentos intensivos em tecnologia de ponta, nos quais a Noruega - um dos maiores produtores de petróleo do mundo - possui grande expertise.

Segundo estimativas da Innovation Norway - agência ligada ao Ministério de Indústria e Comércio da Noruega, que tem como objetivo promover o desenvolvimento industrial e internacionalização das empresas do país -, cerca de 90% das companhias norueguesas que procuram o escritório da organização no Brasil, localizado no Rio de Janeiro, são ligadas ao setor de petróleo e gás. Elas buscam, em geral, auxílio para entrar no tão promissor mercado brasileiro.

São companhias que mostram-se confiantes de que o Brasil será um dos países com maior demanda dentro do mercado petrolífero nos próximos anos - demanda esta que se estenderá por toda a cadeia produtiva da atividade. Estimativas já divulgadas pela Petrobras, por exemplo, apontam que as reservas brasileiras provadas estão em torno de 14 bilhões de barris de petróleo. A perspectiva da estatal, entretanto, é que este número dobre nos próximos anos e que, em 2030, o Brasil alcance a posição de 4º maior produtor de petróleo do mundo, com o óleo produzido na região do pré-sal.

Para tanto, a petrolífera brasileira - que é a empresa mãe do setor do País - tem planos de investir US$ 236,5 bilhões (algo em torno de R$ 479 bilhões) até 2016. O montante deverá somar-se aos US$ 58 bilhões (aproximadamente R$ 117,5 bilhões) de aportes, a serem feitos pelas demais companhias que também atuam nesta atividade no Brasil pelos próximos anos. São valores que dão a dimensão de futuro aguardado para este mercado.

Neste contexto, é o Rio de Janeiro o destino preferido de muitas destas empresas norueguesas, já que é no estado onde se concentram as maiores reservas petrolíferas do País. Um destes exemplos é a Advantec, companhia que atua nos sistemas de controle e automação para intervenções em poços. A companhia, fundada em 2005, conta com cerca de 200 funcionários e, em 2011, registrou faturamento de 250 milhões de coroas norueguesas (cerca de R$ 90 milhões).

Atualmente, a empresa - que já tem contratos assinados com a Petrobras, na área de sistemas de automação - possui representação comercial no Rio de Janeiro. Agora, a Advantec se prepara para se estabelecer fisicamente no Brasil já no primeiro semestre de 2013, em Macaé, região do Norte Fluminense.

"Recentemente, começamos a entrar no comércio internacional e o mercado brasileiro é um dos nossos escolhidos", afirma o diretor de Desenvolvimento de Negócios da companhia, Rolf Haldorsen. Haldorsen conta que o tamanho que a Advantec terá quando se estabelecer no País será proporcional ao número de negócios que conseguirá fazer em território brasileiro. A ideia, contudo, é começar com cerca de 15 funcionários.

Expansão

Outro exemplo é o da NOV (National Oilwell Varco). A empresa já opera cinco fábricas no Brasil e prepara nova unidade no Porto do Açu, complexo industrial que a LLX, braço logístico do Grupo EBX, de Eike Batista, constrói em São João da Barra, no litoral do Norte Fluminense.

Segundo divulgou a companhia de Eike, à época da obtenção da licença de instalação pela norueguesa no Porto de Açu, a unidade (que será de sua subsidiária, a NKT Flexibles - a terceira maior fabricante de tubos flexíveis do mundo) terá capacidade para produção de 250 quilômetros do produto por ano e atenderá às demandas das indústrias offshore de petróleo e química. O investimento para instalação da unidade no Porto do Açu é de US$ 200 milhões (aproximadamente R$ 405 milhões), com geração de 400 empregos diretos.

Segundo o diretor-executivo da NOV, Frode Jensen, a nova unidade fabril da companhia deverá fazer sua primeira entrega em meados de 2013. Será, segundo o executivo, a encomenda de tubos flexíveis para a Petrobras. A produção é fruto de um contrato assinado em maio de 2011, com valor potencial de US$ 1,86 bilhão (cerca de R$ 3,8 bilhão).

A NOV - que, em 2011, alcançou faturamento de US$ 14,7 bilhões (em torno de R$ 30 bilhões) - já possui contratos assinados de US$ 1,5 bilhão (aproximadamente R$ 3,04 bilhões) para fornecer equipamentos para sete navios-sonda que o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), localizado no Porto de Suape, em Pernambuco, está construindo também para a Petrobras.

"Além destes dois projetos, a companhia trabalha, atualmente, em mais alguns contratos no Brasil", afirmou o executivo, que preferiu não citá-los, já que, segundo ele, ainda não foram anunciados pelas empresas contratantes.

Novos projetos

Outra importante companhia norueguesa que trabalha para aumentar sua presença no Brasil é a Aker Solutions, ligada ao segmento de perfuração, que anunciou recentemente investimento de US$ 100 milhões (aproximadamente R$ 203 milhões) na construção de um complexo fabril também no estado de Macaé (RJ). Segundo a companhia, o novo parque industrial, que deverá começar a operar em 2014, permitirá aumento significativo de produção e montagem de equipamentos, além de ter um laboratório de testes.

A empresa, uma das líderes na área em que atua, registrou faturamento de US$ 6,5 bilhões (cerca de R$ 13 bilhões) em 2011. Atualmente, a Aker Solutions atua em 32 países - entre eles, o Brasil - e emprega mais de 25 mil funcionários.

O novo complexo anunciado pela empresa em Macaé será a quarta unidade da Aker no País e ficará localizado em uma área de 335 mil metros quadrados, oito vezes maior que a fábrica próxima a Rio das Ostras, também no estado do Rio.

O vice-presidente da companhia, Terje Vedeler, cita alguns obstáculos que empresas estrangeiras enfrentam para operar no País, como o velho conhecido custo Brasil, e, entre eles, destaca a pesada carga tributária. Outro problema, na visão do executivo, diz respeito à falta de mão de obra especializada, o que obriga a companhia a treinar profissionais brasileiros em centros de treinamentos próprios, de forma a suprir suas necessidades.

Tais fatores são, contudo, insuficientes para ofuscar o promissor mercado petrolífero do Brasil, ele afirma. Vedeler destaca ainda a política estável construída no País, bem como a atuação de cerca de 10 anos da empresa no mercado nacional que, segundo o vice-presidente, deixam a Aker em posição confortável para continuar investindo em território brasileiro.

Fonte: Jornal do Commercio RJ / Anna Beatriz Thieme

Do Portos e Navios

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