O governo do estado realizou, nesta quarta-feira (29/8), em Laje do Muriaé, município com 7,5 mil habitantes da Região Noroeste Fluminense, a primeira da série de cinco audiências públicas que serão realizadas para debater com representantes locais os projetos de controle de cheias nos rios Muriaé e Pomba, que pretende implantar a partir do fim do ano, nas cidades ribeirinhas. O encontro aconteceu no auditório da Biblioteca Virtual, na Praça da Cultura, no centro da cidade, com a presença do vice-governador e coordenador de Infraestrutura do Estado, Luiz Fernando Pezão.
Ao final da apresentação dos projetos, feita pelo subsecretário de Projetos e Intervenções Especiais da Secretaria do Ambiente, Antônio da Hora, a aprovação foi geral. O auditório estava lotado de moradores locais, produtores rurais, ambientalistas e representantes dos poderes públicos. Depois de Laje de Muriaé, serão realizados encontros nesta quinta-feira, em Santo Antônio de Pádua, e até o fim do próximo mês em Itaperuna, Italva e Cardoso Moreira, cidades que também sofrem com as enchentes periodicamente e que serão objetos desses projetos, cujo tempo de recorrência é de 25 anos.
Mais de 200 mil pessoas serão beneficiadas diretamente com o controle do fluxo de água dos dois rios em época de muita chuva. Por se situarem mais à foz do Rio Paraíba do Sul, onde deságuam o Muriaé e o Pomba, Campos dos Goytacazes e São João da Barra também se beneficiarão indiretamente com a implantação dos sistemas de mitigação de cheias.
- Todas as sugestões e questionamentos são bem-vindos. Vamos analisá-los com carinho, mas uma coisa está decidida: não vamos perder esta oportunidade. Com muita dificuldade, conseguimos os recursos necessários, tanto nossos quanto do governo federal, e vamos tirar esses projetos do papel para acabar de vez com as enchentes que causam tantos danos e sofrimento. Estamos cansados de vir aqui todos os anos para trazer donativos para pessoas que perderam tudo. É como enxugar gelo – enfatizou Pezão.
O edital de licitação das obras, orçadas em R$ 602 milhões, será lançado tão logo se encerrem as audiências públicas. Os recursos virão do empréstimo concedido pelo Banco do Brasil ao governo do estado, além do Tesouro estadual. A previsão é de que as obras comecem no fim deste ano e sejam concluídas em dois anos.
Os projetos, segundo Pezão, serão integrados a outras iniciativas ambientais e produtivas, como um programa de reflorestamento das margens dos rios e de incentivos para o fortalecimento da piscicultura, uma das principais fontes de alimentação da população mais pobre da região e uma das preocupações levantadas na audiência, assim como projetos de irrigação para a agricultura. Os peixes serão criados nos reservatórios que integram os projetos dos extravasores, uma das intervenções previstas. A instalação de unidades de processamento da produção pesqueira também será impulsionada.
A cidade de Laje do Muriaé, situada próxima à divisa com o Estado de Minas Gerais, e sempre a primeira a sofrer com as cheias quando chove muito na nascente do Rio Muriaé, em território mineiro, dará início às intervenções: vai receber um dos dois extravasores programados, sistema de desvio do excesso de água das chuvas para um canal que contornará o centro urbano. As obras devem começar no fim do ano e vão durar doze meses, pelos cálculos da Secretaria do Ambiente. Elas compreendem a instalação de um sistema de eclusas, que deterão o excesso de água do rio e o desviarão para um reservatório próximo. Quando este encher, o excesso será conduzido por um canal e despejado novamente no rio, alguns quilômetros abaixo da cidade. A outra obra prevista para começar na mesma data será na cidade de Santo Antônio de Pádua, banhada pelo Rio Pomba.
- O sistema de controle de cheias nesta cidade será diferente, com a aplicação de um conjunto de obras de drenagem, derrocamento de rochas e construção de diques de gabião e de aterro nas margens. Os planos foram alterados depois de novos estudos técnicos e geológicos. Em vez de cinco extravasores e uma barragem, serão apenas dois extravasores, um em Laje do Muriaé e outro em Itaperuna, e três sistemas de rebaixamento da calha dos rios em Pádua, Italva e Cardoso Moreira – detalhou Da Hora.
Do Rádio Gospel FM
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