Banco estima queda de 35% para OGX (e o risco é cair mais)
Analistas questionam os dados de produção apresentados pela companhia
O Deutsche Bank reiterou o pessimismo em relação à petroleira OGX (OGXP3) em um relatório publicado após a divulgação dos números de produção de petróleo da empresa de Eike Batista no mês de julho. “Reiteramos a nossa recomendação de venda para OGX, com um preço-alvo de 4 reais (com o risco de baixa)”, destacam os analistas. A projeção implica em um potencial de desvalorização de 35% em relação ao fechamento de ontem.
A companhia informou que a produção média de petróleo caiu de 9,2 mil barris de óleo equivalente (boe) por dia para 7 mil barris por dia no campo de Waimea na Bacia de Santos. Por poço, contudo, a média teria subido de 5,5 mil barris para 7 mil barris. Apesar disso, um dos dois poços em operação não trabalhou no mês de julho por conta de uma parada para a troca de troca de um equipamento. O Deutsche Bank lembra que é preciso tomar cuidado com os números porque a produtividade costuma ser mesmo menor quando os dois poços produzem simultaneamente, o que acontecia em junho.
Marcus Sequeira e Luiz Fonseca, que assinam a análise, reiteram que os dados por poço só podem ser visualizados por meio da ANP (Agência Nacional do Petróleo). Segundo eles, o último dado disponível é de maio e revela uma produção de 5,4 mil barris para o poço 26HP (o que foi parado no mês passado) e de 4,8 mil barris para o OGX-68HP. “Enquanto a empresa divulgou uma média de produção por poço de 5,5 mil boe por dia em junho, notamos que os números não são indicativos da produção real de cada poço no mês. Portanto, teremos que aguardar até que os dados sejam disponíveis pela ANP”, destacam os analistas.
A OGX disse que um dos dois poços que estava parado para a troca de um equipamento no complexo de Waimea, e que afetou a produção em julho, voltou a funcionar no final de semana. Além das dúvidas sobre a produtividade, o banco ressalta dois pontos que ainda não teriam sido bem precificados pelo mercado, como a expectativa menor de volumes recuperáveis em outros reservatórios na bacia de Campos e as taxas decrescentes e voláteis da produção por poço ao longo do tempo, necessitando de investimentos adicionais.
“Além disso, não temos certeza se a empresa estará apta a injetar água para melhorar os níveis de produção no campo Tubarão Azul devido à existência de fraturas nos reservatórios. Baseado em conversas com especialistas da indústria, a injeção de água pode não ser apenas ineficiente quanto danosa para o reservatório”, ressalta o relatório. As ações da OGX acumulam queda de 55% em 2012 e alta de 7,6% em agosto. A maior parte da desvalorização da petroleira na bolsa se deu no final do mês de junho após o resultado dos testes em Tubarão Azul.
Problemas no campo
O pesadelo mais recente da OGX começou no último dia 26 de junho, quando informou que a vazão no Campo de Tubarão Azul havia sido calculada em 5 mil barris de óleo por dia, abaixo da estimativa da própria empresa, que ficava entre 15 mil e 20 mil barris por dia. Com o resultado dos pregões seguintes, o papel terminou como a maior queda do primeiro semestre, perdendo 56,62% no período.
A petroleira se defendeu e disse que o mercado estava errado em sua avaliação porque teria extrapolado a estimativa de vazão de Tubarão Azul para os demais poços. “O equívoco dessa extrapolação reside no fato de que (...) a vazão divulgada não considera o fraturamento químico hidráulico e a injeção de água no reservatório, técnicas largamente utilizadas na indústria do petróleo para aumentar a produtividade e que a companhia pretende utilizar no campo de Tubarão Azul”, disse a empresa.
Segundo a OGX, antes de aplicar essas técnicas não há como precisar o volume de produção por poço em reservatórios do tipo. Além disso, afirma a nota, a empresa já está iniciando o desenvolvimento do campo de Tubarão Martelo e os dados do seu reservatório, obtidos até o momento, sinalizam para produtividades superiores a vazão informada, mesmo sem o emprego das técnicas referidas.
Da EXAME
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