...PALAVRAS INSONORAS!!!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Mentir nas Pesquisas não Vale, nem para salvar Emprego!


96% dos profissionais brasileiros gostam de ir ao trabalho e 93% se sentem conectados à empresa


Toda manhã, a analista de contas Margareth Sander (foto), de 27 anos, vai com disposição para o escritório do Facebook em São Paulo, onde trabalha há um ano. A convicção de que sua atividade faz diferença para as pessoas e de que ainda há muito por fazer na empresa motivam a gaúcha, que não tem dúvida: ama o que faz.

Assim como ela, 96% dos profissionais brasileiros gostam de ir ao trabalho. Pelo menos foi o que apurou a pesquisa internacional “A empresa ideal”, realizada pelo instituto francês Leadership em parceria com a consultoria BPI. O dado põe o Brasil no topo da lista dos países pesquisados. Em segundo lugar vem o Marrocos, com 93%, seguido pela Suíça, com 92%, e pela Finlândia, com 90%.

O otimismo brasileiro, na opinião de especialistas, é reflexo da estabilidade do mercado de trabalho em relação ao cenário internacional. Outro índice apurado é que 65% avaliam a companhia onde exercem suas funções como próxima ao ideal. Destes, 17% a veem como muito próxima desse modelo e 48% a consideram relativamente próxima.

“Esse número, 65%, é bastante representativo. Uma companhia ideal é aquela que encoraja seus colaboradores a fazer um trabalho de qualidade, que confia e se comunica com seus profissionais, que reconhece suas capacidades e oferece a todos iguais oportunidades de crescimento, tendo o mérito como referência”, afirma a vice-presidente do grupo BPI no Brasil, Claudia Facci.

“Para mim, a empresa ideal, precisa dar a sensação de que eu tenho impacto real nos negócios, de que posso fazer a diferença com o meu trabalho. Autonomia, criatividade e a crença na missão e nos serviços da empresa são muito importantes no meu dia a dia profissional”, ressalta Margareth, que prefere ser chamada de Maggie.

O levantamento, realizado pela primeira vez no País, foi feito com 500 trabalhadores de ambos os sexos e de diversas idades, setores e categorias profissionais, a fim de considerar uma amostra representativa da população empregada no País. É a quinta edição do trabalho, que consultou 9.145 profissionais de 16 países.

De acordo com o estudo, 75% dos brasileiros, contra 56% da média internacional, esperam que a empresa possibilite o avanço da equipe na carreira. “Ainda que as pessoas tenham perspectivas diferentes, todas querem trabalhar em um ambiente que dê oportunidade para se desenvolver profissionalmente”, afirma Elaine Saad, vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH). “Estar numa empresa ideal tem a ver com expectativas”, diz.

A opinião do analista de produto Anderson Montinho (foto), 26 anos, reforça a afirmação de Elaine. Há um ano e dez meses no Banco Itaú, onde começou como estagiário – foi contratado após seis meses -, Montinho diz estar plenamente satisfeito com seu trabalho, principalmente, pela possibilidade de crescer profissionalmente. “O que me motiva é a oportunidade de desenvolver um plano de carreira. “

Em uma empresa ideal, outro fator significativo na percepção dos entrevistados é a “sensação de pertencimento”: 93% dos brasileiros, contra 74% da média mundial, afirmaram que se sentem conectados à instituição em que trabalham.

“Contribuir para uma empresa que acredito ser maravilhosa, é claro que ajuda muito no humor. Ter um dia a dia que combina com seu estilo de vida e com o que considera importante realmente é um privilegio”, defende Maggie.

Nesse sentido, ter um plano para alinhar os objetivos da empresa e dos colaboradores pode ser essencial. “Investimos em uma cultura organizacional bem definida aliada a uma estratégia de formação e desenvolvimento de pessoas”, afirma o diretor de pessoas do Itaú Unibanco, Marcelo Orticelli.

Segundo Vera Martins, professora da Fundação Vanzolini, mestre em comunicação e mercado e especialista em comportamento humano, também deve haver conexão muito forte entre as necessidades da empresa e a dos profissionais.

Essa ligação é importante, segundo Vera, para que a instituição possa reconhecer o funcionário em sua individualidade a fim de que suas demandas sejam atendidas.

O estudo traz, ainda, um dado curioso. Apesar de 96% gostarem de ir trabalhar, apenas 73% afirmam que se sentem motivados com o trabalho executado. “Acreditamos que essa diferença se dê pelo fato de o trabalhador gostar mais do ambiente, do clima da empresa, do que propriamente das tarefas executadas. Todos os indicadores levam a isso”, argumenta Claudia.

Ainda segundo a pesquisa, 39% dos trabalhadores brasileiros consideram que a sua prioridade na empresa é ganhar mais.

Montinho reforça que, para uma empresa ser ideal, não há como desconsiderar o salário, mas o prêmio deve estar agregado à satisfação pessoal que o trabalhador tem em fazer parte da empresa, tendo em vista a cultura e os objetivos corporativos. Maggie acrescenta que, se os valores da empresa deixarem de ser reais, não há mais motivos para avaliá-la como ideal.

O maior desafio das empresas num mercado de trabalho em constante transformação, de acordo com consultores de recursos humanos, é se manterem como sendo ideal pelo maior período de tempo na percepção do colaborador.

“Hoje, não é só a organização que escolhe o funcionário, mas ele também tem o poder de escolher a companhia, para que não dê um passo em falso na carreira”, diz a sócia da Career Center, Karin Parod.

Ela lembra que o colaborador, além do salário, também considera valores intangíveis. “O trabalhador leva em conta o clima, a capacidade de ser ouvido, a qualidade dos relacionamentos e outros fatores subjetivos que constituem a cultura da instituição. “

Para a professora Vera Martins, se até a década de 1980, o valor fundamental no mundo corporativo era o de vestir a camisa, hoje as organizações devem se preocupar muito mais com o aprendizado do colaborador para influenciar o processo de decisões da empresa. A vice-presidente do grupo BPI no Brasil, Claudia Facci, acredita que os resultados da pesquisa ajudam as empresas. “O estudo evidencia o jogo de expectativas que há entre elas e os colaboradores. É um instrumento balizador que auxilia profissionais de recursos humanos a saber como investir no funcionário.”


A empresa idealReconhecimento - Percebe potencialidades e avalia o desempenho dos trabalhadores individualmente estimulando a dedicação
Perspectivas - Oferece um plano de carreira e dá oportunidades de crescimento aos funcionários, atraindo e retendo talentos
Remuneração - Concede benefícios e paga salários acima da média do mercado, reforçando compromisso de reconhecer o mérito do colaborador
Gerência inteligente - Concilia as necessidades e os objetivos da equipe de forma assertiva e transparente
Comunicação - Tem canais abertos para o diálogo, o que alinha as expectativas do colaborador e da empresa
Treinamento - Dá condições concretas para que o profissional se desenvolva. Este é um dos principais compromissos de uma empresa ideal


Por Luís Lima/Especial para o Estado

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